sábado, 31 de maio de 2008

Meirelles: “Esses povos existem e estão ameaçados se o governo não der atenção ao assunto”

Durante muito tempo, a existência de índios isolados e arredios na Amazônia e em especial no Acre era ignorada pela sociedade e mesmo pelos governos. Agora, com a publicação de imagens dessa população, através da imprensa local, nacional e internacional, a expectativa da Fundação Nacional do Índio (Funai) é que a repercussão do assunto se desdobre em medidas de apoio e investimento nas ações de proteção da região na fronteira com o Peru, local onde as fotos foram feitas a partir de um sobrevôo de 20 horas nos dias 29 e 30 de abril e 01 e 02 de maio.

O organizador da missão foi o sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior (foto), que aos 60 anos, já aposentado continua atuante na defesa destes povos e fazendo constantes alertas para o problema, o que demonstra sua paixão pela causa, da qual ele não se afastou mesmo após vários incidentes.

Meirelles, que é do quadro da Funai e atua há 20 anos nesta área, coordenando a Frente de Proteção Etno-Ambiental do Alto Rio Envira, na fronteira do Brasil com o Peru já sobreviveu a uma flechada que atingiu seu rosto e atravessou pela nuca e em outra situação teve de atirar em um índio arredio, em legítima defesa da vida de seu sogro, que quase foi flechado pelas costas em fuga de uma ataque, entre outros.

Durante a produção do material publicado semana passada - mais de mil fotos e imagens em vídeo produzido em parceria com o governo do estado - os índios de uma etnia não identificada responderam ao sobrevôo atirando flechas no avião, enquanto mulheres e crianças teriam se refugiado na floresta.

Na entrevista a seguir, o sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior relata os motivos da operação, porque divulgou as fotos e o que se espera a partir de agora.

É a primeira vez que esses índios são fotografados?

Não. Já fotografei estes índios outra vez. Esses sobrevôos fazem parte de uma rotina da Funai de monitoramento da área. E dessa vez foi uma parceria com o governo do Estado que fez gentileza da pagar o avião e ceder o fotógrafo e o cinegrafista.

Afinal de quem são as imagens?

As imagens são dos índios, mas estão com a Funai, enquanto os índios fotografados forem isolados. Se um dia eles quiserem fazer contato entregaremos para eles porque agora de nada vai adiantar eu passar lá em cima e jogar dinheiro pelo uso dessas imagens prá eles (risos).

Por que só agora a Funai resolveu mostrar essas fotos através da mídia?

Colocamos na mídia somente agora para mostrar que estes povos existem e chamar a atenção do governo brasileiro, para proteção deles que estão ameaçados pelos exploradores de madeira do lado peruano.

Qual é a situação?

Estes índios estão sofrendo ameaças. Eles são os últimos existentes numa das últimas áreas de floresta virgem na Amazônia, que está sendo estuprada ali na faixa de fronteira pelos madeireiros peruanos. Alguma coisa precisa ser feita para preservar ali onde estão as cabeceiras dos três grandes rios da Amazônia, o Juruá, o Purus e o Madeira e se a região não for preservada eles vão acabar.

Quer dizer que o problema é ignorado pelo governo?

Este problema no Peru, extrapola a competência da Funai. Os índios estão correndo de lá pra cá e não dá para esperar a boa vontade dos governos. Eles têm outras prioridades, por isso estamos chamando a atenção através dessa divulgação para que o governo brasileiro tome providências.

O que você está propondo?

O que nós estamos propondo, há 20 anos, nada mais é do que a proteção daquela região. Do lado brasileiro não tem ameaça, pelo menos no Acre, mas a gente tá vendo o que ta acontecendo com os índios em Roraima, Mato Grosso e Rondônia.

Como você espera que o governo brasileiro aja?

Espero que o governo brasileiro apóie o trabalho da Funai, que haja mais repasse de recursos da União que investe pouco na proteção desses povos. Para você ver, até esse sobrevôo tivemos que pedir ajuda para o governo do Estado.

Qual é a prioridade, na sua opinião?

A prioridade é a construção de uma base de proteção em Santa Rosa do Purus. Atualmente temos duas, uma no Tarauacá e outra no Envira (no município de Feijó), que é essa que eu trabalho. Mas nós precisamos de mais atenção e de recursos financeiros para trabalhar.

Quais são as dificuldades da sua atuação?

São muitas, mas só para você ter uma idéia para eu chegar na base, daqui de Feijó são 7 horas de barco.

A demarcação de terras indígenas não resolve a situação? Como está isso?

Existem duas terras indígenas dos povos isolados já demarcadas, que é a dos índios Kampas isolados do Envira e do Alto Tarauacá. E uma terceira já com tudo pronto para ser demarcada também que é a do Riozinho do Alto Envira. Ao todo são 620 mil hectares já demarcadas para esses povos.

Como foi feita esta demarcação?

A demarcação foi toda feita sem contato nenhum com eles, por uma iniciativa da Funai.

Quantas pessoas são?

É difícil saber um número exato só sobrevoando, mas eu estimo que sejam em torno de 500 pessoas de quatro etnias diferentes.

Como você sabe que as etnias são diferentes?

Os povos são diferentes, têm características diferentes, uns tem cabelo logo, outros tem cabelo curto, o jeito que se vestem, as pinturas e pela distância de um grupo do outro que é de cerca de 200 quilômetros.

Então você não sabe que etnias são?

Olha, eu não sei quem eles são, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. No dia que eu souber eles estarão fadados à morte.

Por que?

Eles não têm nada que aprender com a gente e nem nós temos nada para ensinar. Os índios que tiveram contato, muitos deles aprenderam a beber, a fumar entre outros problemas. Eles estão muito bem assim isolados. Enquanto puderem ficar assim estarão melhor.

Estes não são os índios invisíveis?

Olha o pessoal chama de “índios invisíveis”, mas isso é invenção de jornalista. Eles não são invisíveis. Há registros de sua existência desde 1910.

Além dos incidentes que você já sofreu, recentemente sua filha sofreu um ataque?

É minha filha Paula que trabalha na base de Tarauacá. Ela levou uma flechada (mas não foi atingida). Isso acontece. Eu mesmo já levei uma flechada no rosto que foi parar na minha nuca.

Como assim? Você não estranha estes fatos?

Quem entra nesse trabalho entra sabendo dos riscos. Tem até uma brincadeira entre nós que eu sempre digo que se alguém acordar de manhã e ver do outro lado do rio a Xuxa e as Paquitas pode se assustar, mas se acordar e der de cara com índios não é para estranhar. Quem manda a gente estar na praia deles?



sábado, 24 de maio de 2008

Marina Silva: “Não saí para desconstituir, mas para instituir um novo acordo político”

A senadora Marina Silva (PT) está neste sábado no Acre cumprindo agenda de entrevistas, visitas e palestra para a militância petista que teve a oportunidade de ouvi-la e lhe fazer perguntas. Foi a primeira vez que esteve no estado após pedir demissão do cargo de ministra do Meio Ambiente.
Na chegada, no Aeroporto de Rio Branco, na noite de sexta-feira, 23, foi recebida com aplausos e flores por inúmeros petistas, entre eles o presidente do partido, Leonardo Brito, o ex-senador Sibá Machado, o senador Tião Viana e o governador Binho Marques.
Na entrevista a seguir, Marina diz, entre outras coisas, que a maior lição dessa experiência é que, na função pública, aprendeu a olhar as coisas de baixo para cima para ver o que está acima dela. No caso a Amazônia pela qual optou constituir um novo acordo político, um novo pacto para que os avanços ocorram, acreditando que poderá contribuir melhor para isso no Senado.
A seguir, os principais trechos da entrevista:

Com a sua saída qual é a expectativa sobre a política ambiental do país?

Há uma expectativa muito grande, dentro e fora do Brasil, em relação aquilo que o Brasil vai fazer em relação aos seus ativos ambientais. Não restam dúvidas de que as pessoas têm no Brasil uma referência em termos de ter uma potência ambiental. Não é a toa que o Brasil é responsável por mais de 11% da água doce do mundo, tem a maior biodiversidade do mundo e tem povos que tem conhecimento associado aos recursos naturais. E assim o Brasil precisa ter uma política ambiental que faça jus à potência que é. De sorte que o que se fizer aqui repercute no mundo inteiro.

E quanto a credibilidade fora do Brasil?

Nestes cinco anos de trabalho, participamos dos principais fóruns internacionais no que concerne a convenção de mudanças climáticas, sobre biodiversidade, convenção de desertificação. Enfim, em todos estes espaços o Brasil foi adquirindo cada vez mais credibilidade e isso é fruto de um trabalho progressivo de muitas pessoas, de muitas mãos e eu fico muito agradecida pelo reconhecimento deste trabalho que vinha sendo feito no Ministério do Meio Ambiente.

A senhora se ressente de falta de apoio do Governo ao seu trabalho?

A minha saída – e eu digo isso o tempo todo – não foi para desconstituir. Foi para instituir um novo acordo político que faça com que o governo brasileiro, do presidente Lula, consolide as conquistas já existentes, avance no sentido da agenda que precisa ser implementada urgentemente no Brasil, que é a do desenvolvimento sustentável, e que não se tenha retrocesso em relação às políticas de combate ao desmatamento da Amazônia, de combate a ilegalidade, como é o caso da medida que foi tomada pelo Conselho Monetário Nacional que proíbe crédito de bancos públicos e privados para produção em área desmatada ilegalmente, além de outras.

O que levou a senhora a tomar a decisão de sair foram as perdas?

O balanço que eu faço é de que muitas vezes você está diante de uma situação em que você ainda que tenha perdas – como as pessoas falam o tempo todo da questão dos transgênicos, que foi talvez uma das mais emblemáticas – você sabe que está o tempo todo fazendo mediações com outros olhares. Não é a sua vontade unilateral. Agora chega um determinado momento que você percebe que já não reúne as condições objetivas para continuar fazendo a agenda, as políticas nos mais diferentes segmentos avançarem. Então você tem que tomar uma atitude e o meu olhar para a situação foi o seguinte: muitas vezes você fica mexendo as pedras, mas às vezes a pedra a ser movimentada é você mesmo.


Qual foi o primeiro reflexo da sua saída?

Eu tenho certeza que a minha saída criou um movimento interno ao Brasil e fora do Brasil que oferece todas as condições para que o presidente Lula e o novo ministro façam mais e não menos, para que o presidente Lula – como ele próprio disse – leve a cabo de que não haverá mudança na política ambiental brasileira.

A que a senhora atribui essa resposta tão rápida do presidente Lula?

Antigamente quando caía um ministro da fazenda os governos, rapidamente, tinham que dizer que nada ia mudar na política brasileira e na política econômica para dar um sinal para os mercados interno e externo. Nesse momento o próprio presidente Lula falou que não iria haver mudança na política ambiental e isso significa, na minha compreensão, um avanço civilizatório de que, de fato, as pessoas estão preocupadas com o que vai acontecer com os ativos ambientais brasileiros, as florestas, a biodiversidade, o seu imenso potencial natural que ao ser destruído, tanto nos prejudica internamente quanto pode levar a desequilíbrios no planeta.

Qual é, na sua opinião, o desafio do novo ministro?

Nós temos uma oportunidade nova. Um novo pacto, um novo acordo, um novo compromisso que fará com que se coloque a agenda ambiental no centro das decisões do governo e no centro da dinâmica econômica. Este é o desafio do novo ministro e como ele é uma pessoa comprometida com a agenda com certeza eu vou ajuda-lo naquilo que eu puder lá na tribuna do Senado e espero que a gente possa aproveitar essa grande manifestação de apoio da sociedade brasileira - que quer ver o país se desenvolver, mas ao mesmo tempo não quer que esse desenvolvimento acontece em prejuízo das nossas riquezas naturais - para fazer disso uma grande oportunidade de colocar no centro das decisões do governo a agenda do desenvolvimento sustentável.

A senhora não teme que agora haja uma enxurrada de licenciamentos ambientais, já que o novo ministro Carlos Minc é conhecido pela agilidade que deu a esses processos no Rio de Janeiro?

O Minc é uma pessoa comprometida com a questão ambiental. Eu até brinco que nós aqui no Acre aprendemos os be-a-bá do ambientalismo com o ele, com o Gabeira e aqui internamente com o nosso mestre Toinho Alves que foi uma das primeiras pessoas a trabalhar melhor esses conceitos. Então ele (o Minc) é uma pessoa que está há mais de 30 anos nesta agenda e tem uma história com a questão ambiental. Agora, não se trata de simplificações em relação a legislação. A legislação brasileira é uma boa legislação e o que precisamos é de dois movimentos: cada vez mais estruturar os órgãos ambientais tanto do governo federal, que melhorou significativamente nos últimos 5 anos, quanto dos governos estaduais e a qualidade dos projetos que são apresentados para o licenciamento. A qualidade dos estudos de impacto ambiental, os projetos terem em si mesmo preocupações ambientais, incorporando critérios de sustentabilidade.

Não seria essa, então, a razão das reclamações sobre dificuldades para licenciamentos?

Em relação a questão do licenciamento ambiental que às vezes constitui uma polêmica muito grande, não é verdade que se tenha tido dificuldades em se licenciar. A média de licenciamentos até 2003, quando nós chegamos no MMA, era de 145 por ano. A nossa média nesses 5 anos, foi de 230 licenças por ano. Quando nós chegamos nós tínhamos entre 80 e 90 servidores, e destes 90% eram temporários, pessoas que ficavam em rotatividade e não internalizavam competência para o órgão ambiental. Nós fizemos concurso público, treinamos pessoas e hoje são mais de 180 servidores no setor de licenciamento, 90% são efetivos do quadro e apenas 10% são temporários. A qualidade do setor aumentou. No ano de 2007 nós demos 300 licenças sem que nenhuma esteja parada na Justiça em função da qualidade. Isso é algo que devia estar sendo comemorado.

E por que não está?

Porque as pessoas ficaram acostumadas com os atalhos, com a baixa qualidade. O que eles reclamam é muito mais da qualidade que hoje são obrigados a ter - não todos porque tem os que querem fazer e fazem bem feito – do que com a questão de estar demorando. Eu sempre digo que nós nem dificultávamos, nem facilitávamos. Nós cumpríamos a legislação em benefício dos empreendimentos e da questão ambiental.

Essa teria sido a razão das pressões que a senhora sofreu, inclusive da Casa Civil?

Existe um conjunto de fatores que não se pode reduzir a um ou outro elemento. Na verdade ao longo desses 5 anos tivemos avanços significativos na agenda do combate ao desmatamento que caiu 59%, na questão do licenciamento, na agenda dos recursos hídricos, na política florestal brasileira que se aprovou uma Lei, o plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, enfim foi um conjunto de avanços.
Agora há um engano em se achar que os atalhos são mais fáceis. Não são.
A melhor forma é ir pelo caminho, mesmo que tenhamos que enfrentar dificuldades.
Eu tenho certeza que os arranjos feitos pelo MMA de forma estruturante, dão uma base para o conjunto do governo e para o novo ministro de operar com muito mais vantagem em termo de estrutura do que eu. Até porque os licenciamentos mais complexos já foram feitos.

Quais foram?

O licenciamento do São Francisco era altamente difícil, o da BR 163 e do complexo do Madeira. Isso foi possível graças a capacidade técnica e olhar comprometido de uma grupo de pessoas, de gestores que tem credibilidade para dizer para a sociedade brasileira que as coisas foram feitas com critério, com qualidade social e ambiental se não isso teria acabado também na Justiça.

Como a senhora se sente agora, depois de tudo isso?

Eu me sinto orgulhosa pela oportunidade que Deus e o presidente Lula me deram de estar a frente do MMA. Tenho uma gratidão imensa pela equipe que trabalhou comigo, inclusive aqui no Acre o trabalho do Anselmo no Ibama, junto com o Eufran (Sema) combatendo o desmatamento e tantas coisas que as pessoas não compreendem no momento em que a gente está fazendo, mas depois na história se irá verificar que os atalhos nos levam muitas vezes aos abismos. O caminho nos dá oportunidade de fazer escolhas e diante da crise ambiental que nós vivemos nós só temos uma escolha a fazer: a escolha da defesa da vida, a escolha do desenvolvimento sustentável e de pensar as nossas ações não apenas vinculadas as próximas eleições, mas principalmente ao futuro das próximas gerações.

O que a senhora acha do fato de Jorge Viana ter sido mencionado como seu sucessor?

Não há dúvida de que qualquer situação do governo do presidente Lula, sempre houve a possibilidade do Jorge Viana compor a equipe e nesse momento o presidente não o chamou somente para pedir sua opinião em relação a essa sucessão, mas o próprio Jorge falou o que achou que deveria falar sobre esse encontro com o presidente Lula. Como ele mesmo diz, a contribuição dele independe de estar ou não no governo. Ele tem uma identificação com o projeto e eu até achei corajosa a posição dele em dizer que vai contribuir estando não diretamente envolvido.

Como será a sua atuação de volta ao mandato?

Vou retomar meu mandato, enriquecida com essa experiência de 5 anos, com o olhar de diversos setores: a academia, os empresários, o movimento social e isso irá contribuir para resignificação e atualização do mandato. Neste período de 2 anos e meio que me restam vamos buscar a melhor forma de contribuir com este processo, através do qual o Brasil deve fazer as melhores escolhas e se desenvolva com sustentabilidade social, ambiental, cultural, política e econômica.

A senhora poderia citar exemplos?

Com a minha volta para o Congresso espero em breve que a gente possa aprovar o FPE Verde que cria fundos estaduais de desenvolvimento onde se possa apresentar projetos para recuperação de áreas degradáveis, manejo de pastagem, turismo sustentável e manejo florestal sustentável.

O que a senhora considera ainda um problema a ser superado?

A sociedade no mundo inteiro não abre mão de continuar existindo no futuro e já existem mecanismos, tecnologias e conhecimento para isso. O que nós precisamos é transitar desse modelo insustentável para um modelo sustentável. As coisas não acontecem da noite para o dia. Nós estamos apresentando um conjunto de alternativas para esse trânsito. O problema é que existem alguns que acham que podem continuar fazendo como sempre fizeram e isso não será mais possível. A lei terá que ser cumprida, alternativas terão que ser apresentadas e as pessoas terão que se adaptar a era dos limites em que para fazer as coisas nós temos que agregar qualidade social e qualidade ambiental.

É fácil convencer a sociedade?

As pessoas têm certa dificuldade de lidar com esta agenda e o que eu quero é trabalhar para essa nova visão, estes novos paradigmas e ai tem que ter um pouco de acolhimento no coração. A mim não importa quem era contra ontem o que importa é que as pessoas possam vir para este novo processo. Eu conheço muitas pessoas que se convenceram pelo coração e outras pela razão. Eu quero fazer um movimento de juntar razão e coração.

E o PT? Como seu partido está nesse debate?

O PT deu uma grande contribuição para a democracia brasileira, chegando ao ponto de uma conquista fantástica do ponto de vista de um partido de cunho social e popular que foram os dois mandatos do presidente Lula. Entretanto, existem temas que o partido não se atualizou, não se resignificou como é o caso do desenvolvimento sustentável. O que temos são núcleos atuando sem uma interação sistemática com o conjunto. Por exemplo, nós temos o núcleo do Acre atuando. São várias lideranças ligadas ao estado, atuando com bandeiras de luta sócio-ambientais e isso precisa ser reproduzido para o conjunto.


O que dizer aos que ainda são contra?

Não adianta as pessoas acharem que vão suplantar este debate porque não tem como ir contra a história que está ia para dizer que nós já estamos vivendo sob os efeitos das mudanças climáticas. Os problemas são graves. Podermos ter graves problemas sobre as precipitações de chuva. Se a Amazônia for destruída nós vamos perder chuva no Sul e no Sudeste e isso será uma catástrofe. De sorte que nós precisamos fazer uma aliança generosa entre aqueles que já estão na agenda e aqueles que precisam vir e eu não me importo com as incompreensões porque é fácil defender os interesses dos que já estão aqui. Difícil é defender os interesses dos que ainda não nasceram.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

PT homenageia Sibá Machado


Bastante emocionado, o geógrafo Sibá Machado foi recebido pela militância petista e diversas lideranças que foram a sede do PT na manhã de ontem, convidados pela direção do partido, para homenageá-lo. Acompanhado do ex-governador Jorge Viana, ele recebeu o abraço dos presentes antes de conceder coletiva a imprensa, da qual também participaram o prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim e os presidentes dos diretórios regional e municipal do partido, Rose Scalabrin e Leonardo Brito, respectivamente.

É a primeira vez que Sibá vem ao Acre, após deixar o cargo de senador por conseqüência do retorno automático de Marina Silva ao mandato parlamentar exercido por ele desde fevereiro de 2003, período em que ela permaneceu a frente do Ministério do Meio Ambiente de onde pediu exoneração semana passada.

Durante a coletiva, Sibá Machado disse que apesar de ter sido sondado em Brasília para ocupar algum cargo no executivo federal optou por voltar para o Acre onde além de estar perto das articulações políticas poderá retomar suas atividades acadêmicas na Universidade Federal do Acre (Ufac), suspensas em função do mandato.

“Agora estou a disposição do PT e da Frente Popular. Seguindo o exemplo dado por Marina e Jorge Viana de desapego a cargos resolvi voltar para o Acre e ver como poderei trabalhar pelo meu estado”, disse.

Na ocasião, o assessor especial do Estado, Aníbal Diniz, confirmou que o governador Binho Marques já formalizou convite a Sibá para integrar a equipe de governo, o que deve acontecer no próximo mês.

Segundo a assessoria de Sibá Machado, até lá, ele deverá concluir algumas agendas previamente programadas em alguns municípios do interior na aplicação de ações provenientes de suas emendas parlamentares.

Reconhecimento ao serviço prestado – O presidente do PT, Leonardo Brito, o ex-governador Jorge Viana e o prefeito Angelim fizeram falas de reconhecimento e gratidão ao trabalho de Sibá Machado durante o período que permaneceu no mandato.

“O PT faz este agradecimento publicamente ao Sibá porque ele tem o partido no seu DNA. Foi leal a Marina e ao governo do presidente Lula, sobretudo nos momentos mais difíceis, sendo um defensor intransigente no Senado”, destacou Leonardo Brito.

Jorge Viana acrescentou que Sibá obteve destaque. “Em um cenário de crise nacional ele conseguiu o destaque que poucos conseguiram. Pelo contrário, vários senadores já ficaram décadas no Senado sem conseguir destaque algum”, comentou.

Angelim por sua vez enfatizou que a atitude de Jorge, Sibá e Marina serve de exemplo. “Eles deram uma demonstração de desapego a cargos porque o nosso projeto é coletivo de melhoria da qualidade de vida de todos. O PT sabe seguir seu próprio destino”, concluiu.

terça-feira, 20 de maio de 2008

A base de tudo

Acredito que neste problema da violência contra a mulher, o Estado e as entidades feministas precisam olhar para o agressor com outros olhos. Punir apenas, levando homens à prisão não melhora a sociedade, não diminui a incidência. Mas contribui para o aumento da população carcerária e desestrutura ainda mais as famílias.
Fico em dúvida quanto aos números apresentados durante seminário de avaliação da aplicação da Lei Maria da Penha. Os registros reduziram. É fato. Mas o que será que realmente aconteceu?
Os homens deixaram de agredir ou foram às mulheres que deixaram de denunciar porque não querem perder o parceiro para as grades da prisão?
É complexa a questão. Sem dúvida que é.
Talvez a criação de políticas públicas de reconstrução das famílias e dos relacionamentos através de acompanhamentos psicológicos ao homem agressor pudesse funcionar.
As autoridades e os estudiosos reconhecem que os jovens agressores de hoje são fruto da desestrutura familiar e de infâncias ultrajadas pela violência doméstica. Há nesta afirmação, a mensagem subliminar de que uma família equilibrada pode ser a solução de diversos problemas sociais: a violência, a prostituição e as drogas são alguns deles.
Porque então não se investir nisso? Nas famílias, na recomposição de lares.
Dizer que em “briga de marido e mulher ninguém mete a colher” é uma chaga aberta que precisa ser fechada de forma eficiente tanto do ponto de vista físico, quanto emocional e cultural.
Acredito que em briga de marido e mulher alguém precisa interceder a partir do foco desta desavença. Apenas desagregar um casal significa deixar crianças sem pai, quando muitas vezes elas já até perderam a mãe. O que farão elas na juventude? Sem dúvida entrar para as estatísticas cruéis da delinqüência juvenil.
Não se pretende fazer aqui uma generalização de fatos. Há casos e casos. E é nesta diversidade que podem haver casos solúveis, ou seja, aqueles onde mais do que salvar a própria vida, o casal esteja ansiando pela reconciliação, mas sozinhos não sabem como fazer isso por fatores da personalidade de cada um que a psicologia e a religião podem explicar e solucionar melhor.
Sob o olhar cristão, entende-se que a família é o maior legado deixado por Deus na Terra e por isso mesmo o principal alvo de satanás. Talvez o que já foi dito anteriormente explique porque destruir famílias é a ação do inferno e salvá-las a ação dos Céus.
Não é á toa que nas escolas ou nas igrejas, sociólogos, educadores, psicólogos e religiosos concordam que a família é a base de tudo. Também creio nisso!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A ministra dos bagres

Marina Silva pensou muito antes de decidir pedir sua exoneração do cargo de ministra do Meio Ambiente. Ela foi a primeira a ser anunciada pelo presidente Lula e sua presença na equipe desde o primeiro dia de mandato, representava prestigio internacional junto aos organismos ambientais governamentais e não-governamentais e respeito a luta pela preservação ambiental e em especial a Amazônia.
Mesmo que fosse para defender somente os bagres do rio Madeira, Marina não abriu mão de seus princípios. Não se curvou aos interesses econômicos sustentando-se na elegância, na educação e, sobretudo na sua fé, enquanto pôde permanecer no limite das divergências.
Por causa dos bagres do rio Madeira, ameaçados pela construção das usinas hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, Marina foi por muito tempo, chamada de “a ministra dos bagres”, porque as obras – parte da bandeira desenvolvimentista do governo Lula - dependiam do licenciamento ambiental, não recomendando pelo Ibama.
Mas Marina não era somente a ministra dos bagres. Ela era também a ministra dos pirarucus, dos macacos, das araras, das onças, das seringueiras, das castanheiras, dos ipês, do Pantanal, da Mata Atlântica, dos povos indígenas e das gerações futuras.
Representava a possibilidade real de que os ideais preservacionistas difundidos com maior força, a partir da morte de Chico Mendes, faziam parte das políticas públicas de um país. E não era de qualquer país. Mas o país que detém o pulmão do mundo. O país onde está a Amazônia e toda sua imensurável biodiversidade – a maior do planeta.
De volta ao Senado, Marina manterá e sustentará suas posições. Ficará inclusive mais a vontade para dizê-las. O Brasil perde uma grande ministra, mas o Acre, a Amazônia e o PT recuperam uma grande voz no parlamento.
Só nos resta agora, torcer ou orar – àqueles que tem fé – para que o sucessor de Marina também esteja disposto a receber o título de ministro dos bagres, sob pena de que o desenvolvimento econômico a qualquer preço defendido por aqueles que não tem o olhar de Marina, seja feito para ninguém, pois sem ar, sem água e sem os bagres quem sobreviverá para ver o futuro?

sábado, 3 de maio de 2008

Unidade da Frente



*A Frente Popular do Acre fechou questão em torno da candidatura do prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim a reeleição no pleito de outubro próximo. A foto que ilustra a coluna foi a utilizada pelo prefeito na campanha de 2004.

*Em todos os seminários realizados pelos partidos da coligação o discurso é um só: “manter a unidade do time que está ganhando”.

*’Quiprocó’ mesmo é no interior!

*As candidaturas estão pipocando por todos os lados e as coligações ainda não definiram o que vão fazer.

*A oposição está tendo dificuldade de se articular para enfrentar os adversário.

*Ao contrário do preconiza a FPA, os partidos que se dizem oposicionistas não se organizam, não se unem.

*É como dizem os mais experientes: o Acre hoje está sem oposição política.

*Só para deixar mais claro, o que se vê é cada partido anunciando um candidato próprio ao invés de unificarem posição para fortalecer um nome que possa estar bem no páril.

*Para a Câmara de Rio Branco somente o vereador George Pires declarou que não concorrerá á reeleição.

*Antes mesmo das convenções municipais, muita gente tem se colocado como pré-candidato.

*Os engenheiros vão lançar o nome de Ricardo Araújo que sai para a disputa com o apoio das principais entidades de sua classe.

*E semana que vem o PT acreano deve receber a visita do presidente nacional do partido, Ricardo Berzoini.

*Boa semana!

*Saúde e paz...